Sim!
E é até por isso que escolhi o vídeo abaixo de Antônio Banderas falando sobre as metas do milênio para a educação.
Ele é falante nativo de espanhol e aprendeu inglês já adulto - um bom exemplo de que adultos também aprendem, pois ele mora nos Estados Unidos e utiliza o inglês como ferramenta de trabalho. Todos podem perceber o toque espanhol na fala do ator, mas todos entendem. Algum problema? Nenhum. Aliás, é essa pluraridade de nuances do idioma é que dá um colorido todo especial a ele. E mais: não devemos nos esquecer de que a maioria de falantes de inglês na atualidade não são native speakers... E nem por isso deixam de desempenhar as suas funções profissionais, acadêmicas e sociais no idioma.
Sotaque é identidade cultural. Não há como “tirar” isso do aluno ou fazer com que ele abandone a sua própria identidade cultural. Essa história de transformar aluno em “falante nativo” é coisa das antigas. O professor moderno e qualificado sabe que isso não dá certo. Ao contrário, podemos gerar um enorme sentimento de frustração e resitência: “se eu não consigo falar como um nativo, nunca serei capaz de falar inglês”.
Esta busca pelo sotaque nativo vem de uma visão de linguagem que enfatizava a repetição de padrões considerados corretos como forma de aprendizagem de inglês, visão esta a que chamamos de behaviorista. Hoje já sabemos que linguagem é interação social, que ocorre de várias formas, em várias situações, com diferentes graus de poder entre seus interlocutores.
O que precisamos verificar é se a mensagem é entendida. E para que isto ocorra, há vários fatores incluídos, tais como: percepção cultural do outro, estrutura linguística utilizada, linguagem correta para o evento social, pronúncia etc.
O ensino responsável do inglês conta com mais fatores a desenvolver do que transformar o aluno em algo que ele não é - e nem precisa ser... O trabalho com a pronúncia, entonação, sobre o quê e quando usar determinadas estruturas deve ser realizado. Afinal, não será nada agradável se o seu aluno usar um “What's up man?” em uma entrevista de emprego em inglês...
O sotaque até pode ser de Sir William Shakespeare, mas não cai nada bem nesta situação!!!!
*Biodata - Marianne Rampaso
Graduada em Letras, com habilitação em Tradução e Interpretação Inglês - Português pela Unibero. Pós-graduada em Língua Inglesa pela Universidade São Judas Tadeu. Professora habilitada para o ensino de Inglês para Propósitos Específicos pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Atualmente cursa o Teacher's Link, na PUC-SP, voltado ao desenvolvimento de pesquisa e reflexão aplicadas à sala de aula de língua inglesa. Atua há mais de dez anos como professora especializada no ensino de inglês geral e para propósitos específicos para aprendizes adultos.
Coautora do site www.englishatwork.com.br e professora experiente na divisão In Company.
Responsável pela área de língua inglesa da All About Idiomas.
É possível ser entendido em inglês sem ter sotaque nativo? de Marianne Rampaso é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
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