Deem uma olhada nas afirmações abaixo e reflitam sobre quantas vezes você já as ouviram ou disseram:
Professor bom tem que ser nativo;
Fluência em inglês é falar bem.
OK. Todo mundo já ouviu, repetiu ou pensou isso tudo. Vamos admitir, (risos)!!!
São verdadeiros mitos, “classicões” que giram em torno do aprendizado do inglês no Brasil desde o seu very beginning....
Vamos examiná-los passo a passo:
1- Só falarei bem quando falar sem nenhum sotaque
Sorry to say, mas sotaque é identidade...Assustou? Pois é. Hoje em dia, já não se fala mais em sotaque perfeito porque se sabe que realmente não faz diferença no ato comunicativo e que é muito difícil de se atingir. E nem precisa! Ninguém vai querer transformar um executivo alemão em “americano” , apenas para dizer que ele tem sotaque nativo. Isso não existe e gera muita confusão em relação à identidade do aprendiz. Ninguém vai menosprezar a identidade cultural do aluno ao ensinar uma língua estrangeira.
Ao se fazer isso, podemos criar um problema muito maior: a resistência para aprender inglês. Ao que parece, esse pode ser um dos motivos que levam a esta resitência, uma certa “antipatia” pelo aprendizado do idioma.
No entanto, sotaque não é erro de pronúncia, e nós, como profissionais da educação responsáveis, fazemos o possível para ensinar, corrigir os eventuais erros. Agora, querer e prometer “transformar” o aluno em americano, britânico, australiano etc, já ultrapassa a barreira e o propósito de ensinar inglês em um mundo globalizado, além, de, é claro, não ser sincero, jogar limpo com os aprendizes.
2- Professor bom tem que ser nativo
Mais uma desilusão: professor bom é professor bom e pronto... Chinês, japonês, árabe, brasileiro, marciano ensinando inglês etc. Um profissional bom é bom e over! Professor bom é aquele que se qualifica, estuda, reflete sobre o que faz em aula, sobre quem são os seus alunos e o porquê de aprenderem o idioma. Professor bom se interessa, pesquisa, reflete e muda se for preciso. Professor bom GOSTA, gosta imensamente do que faz.
É claro que um nativo pode saber um pouco mais sobre os aspectos culturais de inglês e do próprio idioma, mas também não significa que ele saiba a língua a ponto de ensinar alguém. Está duvidando? Você é falante nativo de português, mas não é professor do idioma, será que se sente preparado para dar uma aula de “ posicionamento da vírgula” ou de “crase” a um grupo de americanos aprendendo português? Ou até mesmo explicar para aquele seu amigo “gringo” o que é aliteração e elipse? Ou o porquê de dizermos “a gente gosta” e não “nós gostamos”? Não saberia? Oras, isso é português, sua língua nativa...
Obviamente, há ótimos professores nativos, mas de novo: pessoas que estudaram, se qualificaram e são profissionais. Quem é que se consulta com um “quase médico”? Ou pede para um “entendido em engenharia” construir um prédio de 25 andares? Difícil...
O fato de ser nativo não garante o aprendizado a ninguém. E tem mais: professor algum “passa” conhecimento, nós (professores e alunos) vamos construindo o processo do conhecimento. É uma via de mão dupla, que requer esforço, comprometimento e responsabilidade de todos os envolvidos na aventura perigosa (sim, perigosa, pois mexe com tudo: autoestima, valores, crenças, medo da exposição, do erro etc) de aprender.
3- Fluência em inglês é falar bem
O que é fluência?
O que vocês pensariam se eu perguntasse: Qual o seu tipo de fluência? Oral, é claro...
Sorry again!!! Fluência não é só oral, não é só speaking... Para quê você precisa do inglês? Para falar, ler, escrever? Então tá.
Temos vários tipos de fluência e cada uma serve a um propósito. Quer um exemplo? Talvez você seja um engenheiro que precise do inglês apenas para ler e escrever relatórios. Você precisa de fluência em leitura e escrita. Talvez você seja uma recepcionista em uma empresa multinacional que receba estrangeiros o dia todo: fluência oral, na certa... Ou então um pesquisador que precise escrever artigos para publicação em periódicos...
É claro que nenhuma dessas habilidades e necessidades são excludentes. A única coisa é que devemos ser claros quando perguntamos ao aluno: Qual é o seu tipo de fluência? ou Qual é o tipo de fluência de que você precisa?
Fonte: RAMPASO, Marianne & MOYSÉS, Fabio em Beliefs and Myths about the Learning of English- workshop. São Paulo: Livraria Disal, 2011.
*Biodata - Marianne Rampaso
Graduada em Letras, com habilitação em Tradução e Interpretação Inglês- Português pela Unibero. Pós-graduada em Língua Inglesa pela Universidade São Judas Tadeu Professora habilitada para o ensino de Inglês para Propósitos Específicos pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Atualmente cursa o Teacher's Link, na PUC-SP, voltado ao desenvolvimento de pesquisa e reflexão aplicadas à sala de aula de língua inglesa. Atua há mais de dez anos como professora especializada no ensino de inglês geral e para propósitos específicos para aprendizes adultos.
Coautora do site www.englishatwork.com.br e professora experiente na divisão In Company.
*Biodata - Fabio Moysés
Graduado em Letras, habilitação Inglês/Português, pela Unip e pós-graduando em Ensino à Distância. Aplicador e capacitador de aplicadores para o TOEIC (Test of English for International Communication), Coordenador pedagógico de Inglês In-Company pela Seven Idiomas há quatro anos e professor de inglês há 14 anos.
Há mitos no aprendizado de inglês? de Marianne Rampaso e Fabio Moysés é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
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