Por Marianne Rampaso*
Em termos de folclore, o irlandês é extremamente rico, com todo o imaginário de fadas, bruxas, duendes, potes de ouro e tudo mais o que conhecemos. Quando estes mesmos irlandeses migraram para os Estados Unidos, carregaram todo o seu folclore, instituindo, assim, a festa do Halloween por lá. Se você é contra, não deveria nem olhar para a ponte do Brooklin, pois foram os bravos irlandeses que a construíram, assim como muitas outras coisas, especialmente em Nova Iorque - lembre-se disso nas suas próximas “comprinhas” por lá.
Assim começaram os festejos pelos EUA. A festa já era, anteriormente, celebrada na Inglaterra e Irlanda.
Com o advento das escolas de inglês aqui no Brasil, iniciaram-se as comemorações, com as tradicionais festinhas, fantasias e enfeites. E sem qualquer cunho religioso ou "satânico", porque a festa não tem nada a ver com isso. O que as escolas fizeram foi trazer um pouco da cultura associada ao idioma que os alunos estavam aprendendo. O próprio documento que regulamenta os parâmetros do ensino no Brasil, o PCN, diz isso:
“Ao promover uma apreciação dos costumes e valores de outras culturas, contribui-se para desenvolver a percepção da própria cultura por meio da compreensão da(s) cultura(s) estrangeira(s). O desenvolvimento da habilidade de entender/dizer o que outras pessoas, em outros países, diriam em determinadas situações leva, portanto, à compreensão tanto das culturas estrangeiras quanto da cultura materna. Essa compreensão intercultural promove, ainda, a aceitação das diferenças nas maneiras de expressão e de comportamento”.
Ou seja: o aluno tem o direito de aprender o que está inserido naquela cultura. Além disso, é uma excelente oportunidade de realizar ótimas atividades pedagógicas. Outro dia, vi um slide share de uma professora de escola pública e achei o máximo o que ela fez com os alunos: trabalhou o Halloween de uma forma divertida e inteligente, chamando a atenção para os aspectos culturais da festa e para os respeito - e preconceitos - em relação a outras culturas. Teacher Bete, you rock!!! (http://www.slideshare.net/teacherbete/halloween-2012-slide-show)
É claro que sabemos que há alguns exageros no Halloween nos Estados Unidos e por aí afora. Mas sabemos também que os jogos de futebol e o carnaval por aqui também não são nenhuma oportunidade para "retiro espiritual"...
Estamos falando de escolas, de atividades educativas, de formação cultural. O problema é distorcer as coisas em função de outros interesses. A escola é laica e deve se ater às funções pedagógicas, isentas de preconceitos ou rotulações. Se fosse diferente, coitados de nossos saci-pererês, curupiras, cucas e demais personagens que habitam o imaginário da cultura de nosso povo...
Happy Halloween activities!!!
Graduada em Letras, com habilitação em Tradução e Interpretação Inglês - Português pela Unibero. Pós-graduada em Língua Inglesa pela Universidade São Judas Tadeu Professora habilitada para o ensino de Inglês para Propósitos Específicos pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Possui o curso Teacher's Link, na PUC-SP, voltado ao desenvolvimento de pesquisa e reflexão aplicadas à sala de aula de língua inglesa. Atua há mais de dez anos como professora especializada no ensino de inglês geral e para propósitos específicos para aprendizes adultos.
Coautora do site www.englishatwork.com.br e professora experiente na divisão In Company.
Responsável pela área de língua inglesa da All About Idiomas.
Halloween, sim! Problema ou preconceito mesmo? de Marianne Rampaso é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Baseado no trabalho em www.allaboutidiomas.weebly.com.