O que você diria se soubesse que vários candidatos são eliminados de processos seletivos por causa de deficiências na língua portuguesa?
Por Marianne Rampaso*
Gente com formação universitária, qualificada, às vezes, fluente em mais de um idioma, mas que não sabe se expressar na própria língua em certos contextos!
Pois é. Quem acompanha os noticiários já leu sobre isso. Um milhão de qualificações, mas quando chega um simples teste de português, tudo cai por terra...
Há empresas que já estão exigindo "português fluente" ou "domínio do português oral e escrito".
Quem passou pela educação formal, quem teve esta oportunidade (sorte mesmo, no caso do Brasil) tem a obrigação de ter cuidado com o que fala e escreve.
Sem essa de que a nossa língua é difícil. Todo idioma tem suas particularidades. No entanto, falamos português desde pequenos, fomos à escola, tivemos oportunidades de aprendizagem.
O que ocorreu? Não posso afirmar, mas tenho uma suspeita: as pessoas acham que o aprendizado acaba com o término da escola básica. Acabou a escola, acabou o estudo. E se não aprendemos na escola? E se aprendemos tantas coisas que acabamos nos esquecendo delas?
Talvez seja este o caso da deficiência em língua portuguesa: não aprendemos da forma correta, sobre a sua utilidade, nos esquecemos de certas situações linguísticas ou não aprendemos mesmo...
Aí você vai em busca de um emprego - ou até mesmo já está trabalhando - e solta uma "pérola" no seu idioma materno...
Concordo que pedir fluência na língua materna indica, entre outras coisas, a falência educacional do país, não só no ensino regular, básico, mas também no ensino superior. No entanto, há o que fazer e como reverter esta situação.
Muita gente tem problemas com a língua portuguesa no momento de redigir um documento, um e-mail. Ou então escreve coisas que ninguém entende... A minha pergunta é: por que este pessoal não vai estudar português? Preconceito? Já ouvi gente dizer que, "o pessoal de empresas tem vergonha de estudar português"... Bom, já partindo do princípio que preconceito é ignorância, não dá para pensar assim. Se o seu chefe pedir a você que faça um curso de atualização de qualquer aplicativo de informática, você terá vergonha?
É claro que não. E também não vejo este tipo de preconceito entre os alunos. Sei disso porque leciono em empresas e muita gente vem me pedir ajuda ou para revisar textos - sem o menor pudor, felizmente!
Os alunos gostam, são interessados quando percebem que a nossa língua não é um monstro e que não é necessário decorar a análise sintática do Hino Nacional para escrever bem...
Tampouco precisamos de "decorebas", mas sim de entendimento, de contextualização.
Nós, professores, mediamos e ajudamos na construção do conhecimento, mas não criamos "papagaios" ou máquinas de repetição.
Acho que precisamos entender que educação é para a vida e que devemos nos manter atualizados. Estudar não é e nem nunca foi vergonha para ninguém. Pensar de forma diferente não cabe mais no mercado de trabalho e nem no século vinte e um.
Quer saber mais? Visite: http://allaboutidiomas.weebly.com/para-brasileiros.html
Graduada em Letras, com habilitação em Tradução e Interpretação Inglês - Português pela Unibero. Pós-graduada em Língua Inglesa pela Universidade São Judas Tadeu Professora habilitada para o ensino de Inglês para Propósitos Específicos pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Atualmente cursa o Teacher's Link, na PUC-SP, voltado ao desenvolvimento de pesquisa e reflexão aplicadas à sala de aula de língua inglesa. Atua há mais de dez anos como professora especializada no ensino de inglês geral e para propósitos específicos para aprendizes adultos.
Coautora do site www.englishatwork.com.br e professora experiente na divisão In Company.
Responsável pela área de língua inglesa da All About Idiomas.
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Baseado no trabalho em www.allaboutidiomas.weebly.com.